
A infecção Mão Pé Boca é, na maioria dos casos, causada por vírus e pode ser bastante comum na infância. Ela e a Estomatite são dois exemplos frequentes que geram preocupação entre os pais, principalmente por causarem desconforto ao bebê, febre e dificuldade para se alimentar.
O que é a Doença Mão-Pé-Boca?
A Doença Mão-Pé-Boca é uma infecção viral altamente contagiosa, geralmente causada pelo vírus Coxsackie, que provoca feridas na boca, além de erupções e bolhas nas mãos, pés e, às vezes, na região do bumbum. Apesar de assustar pelos sintomas, a condição costuma ser autolimitada, ou seja, melhora sozinha em alguns dias.
Esta doença afeta principalmente bebês e crianças pequenas, sendo mais comum em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Isso acontece porque o sistema imunológico delas ainda está em desenvolvimento, tornando-as mais vulneráveis a infecções virais.
Embora seja mais frequente nessa faixa etária, crianças mais velhas e até adultos também podem ser infectados, especialmente se nunca tiverem tido contato com o vírus antes. No entanto, nos adultos e em crianças maiores, os sintomas costumam ser mais leves ou até inexistentes.
Quais os Sintomas da Doença Mão-Pé-Boca?

A Doença Mão-Pé-Boca geralmente começa com sintomas inespecíficos, semelhantes a um resfriado, e evolui para lesões características na boca, mãos e pés. Os principais sintomas incluem:
1. Febre e Mal-estar Inicial
- Nos primeiros dias, a criança pode apresentar febre moderada a alta (entre 38°C e 39°C).
- Pode haver dor de garganta, irritabilidade, fadiga e falta de apetite.
2. Feridas Dolorosas na Boca
- Pequenas bolhas e aftas surgem na língua, gengiva, parte interna das bochechas e no céu da boca.
- Essas lesões são dolorosas e podem dificultar a alimentação e a ingestão de líquidos.
3. Erupções nas Mãos, Pés e Outras Regiões
- Pequenas manchas vermelhas aparecem nas palmas das mãos e nas solas dos pés, evoluindo para bolhas.
- Algumas crianças também apresentam lesões no bumbum, joelhos e cotovelos.
- As bolhas geralmente não coçam, mas podem ser dolorosas ao toque.
4. Salivação Excessiva e Dificuldade para Comer
- Devido às feridas na boca, o bebê pode salivar mais e recusar alimentos sólidos.
- A desidratação pode ser uma preocupação se a criança não beber líquidos suficientes.
5. Outros Sintomas Possíveis
- Em alguns casos, podem ocorrer sintomas gastrointestinais como diarreia e vômito.
- Algumas crianças apresentam inchaço nas glândulas do pescoço.
Os sintomas costumam durar de 7 a 10 dias, e a doença geralmente é leve, sem complicações. No entanto, se houver febre persistente, sinais de desidratação ou piora do estado geral, é fundamental procurar um médico.
Sobre a Dra Gisele Trasfereti
A Dra. Gisele Trasfereti é pediatra e neonatologista com mais de 20 anos de experiência, especializada em cuidados intensivos neonatais. Ela realizou estágio na UTI Neonatal da University of Miami Miller School of Medicine e é membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Veja o que os pacientes da Dra. Gisele Trasfereti estão comentando:
O Que é Estomatite em Bebês?
A estomatite é uma inflamação na mucosa da boca que pode causar dor, vermelhidão, feridas e dificuldade para se alimentar. Essa condição é comum em bebês e crianças pequenas e pode ter diferentes causas, sendo as mais frequentes a estomatite herpética e a estomatite aftosa.
Diferença entre Estomatite Herpética e Estomatite Aftosa
- Estomatite Herpética
- Causada pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1), que é altamente contagioso.
- Ocorre mais frequentemente em crianças de 6 meses a 5 anos.
- Caracteriza-se por múltiplas feridas na boca, gengivas inflamadas e febre alta.
- Pode haver salivação excessiva, mau hálito e irritabilidade.
- A infecção pode se espalhar para os lábios e a região ao redor da boca.
- Dura cerca de 7 a 14 dias.
- Estomatite Aftosa
- Não é causada por vírus, mas sim por fatores como baixa imunidade, estresse, alergias alimentares e deficiência de vitaminas.
- Caracteriza-se por aftas dolorosas, geralmente pequenas, arredondadas e com um centro branco ou amarelado.
- Pode ocorrer de forma isolada ou recorrente ao longo da vida.
- Não é contagiosa.
- Dura cerca de 7 a 10 dias, podendo se repetir em algumas crianças.
Principais Sintomas da Estomatite
- Feridas e inflamação na boca, dificultando a alimentação e a ingestão de líquidos.
- Febre alta (mais comum na estomatite herpética).
- Dor intensa e irritabilidade, principalmente em bebês pequenos.
- Salivação excessiva e recusa alimentar.
- Mau hálito, devido à infecção na boca.
- Inchaço e sangramento das gengivas (principalmente na estomatite herpética).
A estomatite pode ser bastante desconfortável, mas normalmente melhora com o tempo. O tratamento é voltado para o alívio dos sintomas, com hidratação, analgésicos, boa higiene bucal e, em alguns casos, antivirais (para estomatite herpética).
Quais as Causas, Transmissão e Duração das Infecções?
Como Essas Infecções São Transmitidas?
Tanto a Doença Mão-Pé-Boca quanto a Estomatite Herpética são causadas por vírus altamente contagiosos, sendo transmitidas principalmente pelo contato com:
- Saliva e secreções respiratórias (tosse, espirro, beijo, compartilhamento de talheres e chupetas).
- Objetos e superfícies contaminadas, como brinquedos e copos.
- Contato com fezes infectadas, o que é comum em creches e escolinhas devido à troca de fraldas e higiene inadequada.
- Bolhas e lesões na pele, no caso da Doença Mão-Pé-Boca.
Já a Estomatite Aftosa não é contagiosa, pois suas aftas são causadas por fatores internos, como baixa imunidade, estresse e alergias alimentares.
Período de Incubação e Duração da Doença
Período de Incubação (tempo entre o contato com o vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas):
- Doença Mão-Pé-Boca: 3 a 7 dias.
- Estomatite Herpética: 2 a 12 dias.
- Estomatite Aftosa: Não há período de incubação, pois não é causada por vírus.
Duração dos Sintomas:
- Doença Mão-Pé-Boca: 7 a 10 dias, com melhora gradual.
- Estomatite Herpética: 7 a 14 dias, podendo ser mais intensa nos primeiros dias.
- Estomatite Aftosa: As aftas duram de 7 a 10 dias e podem reaparecer em crises.
Observação: A criança com Doença Mão-Pé-Boca pode continuar eliminando o vírus pelas fezes por várias semanas após a recuperação, por isso é essencial manter bons hábitos de higiene para evitar a transmissão.
O que o Médico Vai Observar?
O diagnóstico da Doença Mão-Pé-Boca e da Estomatite é clínico, ou seja, baseado na avaliação dos sintomas e no exame físico feito pelo médico. Normalmente, não são necessários exames laboratoriais, a menos que haja dúvidas sobre a causa da infecção ou sinais de complicações.
Durante a consulta, o médico irá observar:
- Feridas e bolhas na boca, mãos e pés (no caso da Doença Mão-Pé-Boca).
- Aftas isoladas ou múltiplas feridas na boca (na Estomatite).
- Febre e outros sintomas associados.
- Histórico da criança e contato com outras crianças infectadas.
Em casos raros, um exame laboratorial pode ser solicitado para confirmar o tipo de vírus envolvido, especialmente se os sintomas forem atípicos ou prolongados.
Quando Procurar um Médico?
Na maioria dos casos, a Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite melhoram sozinhas, mas é importante buscar atendimento médico se a criança apresentar:
- Febre alta e persistente (acima de 39°C por mais de 3 dias).
- Dificuldade para engolir ou recusa total de líquidos, aumentando o risco de desidratação.
- Pouca urina ou fraldas secas por muitas horas.
- Irritabilidade extrema ou sonolência excessiva.
- Feridas que pioram ou apresentam pus, indicando infecção secundária.
- Dificuldade para respirar ou inchaço na boca/garganta (raro, mas grave).
Se houver sinais de desidratação, como boca seca, choro sem lágrimas e pele fria, é essencial levar a criança ao médico o mais rápido possível.
Dica: Se o bebê estiver com dor para comer, oferecer líquidos gelados (água, leite, sucos naturais) e alimentos macios pode ajudar a aliviar o desconforto.
Tratamento e Cuidados em Casa
Embora essas infecções sejam autolimitadas e melhorem sozinhas, alguns cuidados ajudam a aliviar os sintomas e acelerar a recuperação do bebê.
1. Hidratação é Fundamental
- Ofereça bastante líquido (água, leite, chás frios, sucos naturais diluídos).
- Alimentos gelados, como iogurte, sorvete natural e purês frios, ajudam a aliviar a dor na boca.
- Se a criança recusar líquidos e apresentar sinais de desidratação (boca seca, choro sem lágrimas, urina escassa), procure um médico.
2. Alimentação Leve e Sem Irritação
- Prefira alimentos macios e frios, como mingau, sopas mornas, purês e frutas amassadas.
- Evite comidas ácidas, salgadas e muito quentes, pois podem piorar a dor na boca (ex: suco de laranja, tomate e alimentos condimentados).
3. Controle da Febre e da Dor
- Se houver febre ou dor intensa, pode-se administrar paracetamol ou ibuprofeno, conforme orientação médica.
- Compressas frias no rosto e no pescoço ajudam a aliviar o desconforto.
4. Higiene e Cuidados com as Feridas
- Mantenha as mãos sempre limpas para evitar a transmissão do vírus.
- Limpe a boca da criança com um pano úmido ou uma gaze com água filtrada.
- Se houver feridas nas mãos e pés, evite que a criança coce ou estoure as bolhas.
5. Descanso e Isolamento
- Mantenha a criança em casa até que a febre desapareça e as feridas sequem.
- Evite contato com outras crianças para não transmitir a infecção.
6. Pomadas e Enxaguantes Bucais
- Em alguns casos, o pediatra pode recomendar pomadas anestésicas ou enxaguantes bucais específicos para aliviar a dor das aftas.
- Não utilize remédios caseiros sem orientação médica, pois podem piorar a irritação.
Com esses cuidados, a criança costuma melhorar entre 7 a 10 dias. Mas se houver sinais de desidratação, febre persistente ou piora dos sintomas, procure um médico!
Quais as Medidas de Prevenção?
Embora não exista uma vacina específica para a Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite Herpética, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de infecção e transmissão.
1. Higiene das Mãos
- Lavar bem as mãos com água e sabão, principalmente após trocar fraldas, usar o banheiro ou tocar na boca da criança.
- Ensinar a criança a lavar as mãos antes de comer e após brincar.
- Se não houver água e sabão, usar álcool em gel.
2. Evitar o Contato com Crianças Infectadas
- Manter a criança afastada da creche ou escola até que as feridas sequem e a febre desapareça.
- Evitar beijos, abraços e compartilhar talheres, copos e chupetas com crianças doentes.
3. Higienização de Objetos e Brinquedos
- Desinfetar brinquedos, chupetas e objetos que vão à boca do bebê.
- Limpar superfícies e objetos de uso compartilhado, como mesas e cadeiras.
4. Cuidado com Secreções
- Ensinar a criança a cobrir a boca ao tossir ou espirrar.
- Usar lenços descartáveis e evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem lavar as mãos.
5. Alimentação Saudável e Boa Imunidade
- Manter uma alimentação equilibrada para fortalecer o sistema imunológico.
- Garantir que a criança tenha boas noites de sono e pratique atividades ao ar livre.
Com essas medidas simples, é possível reduzir a transmissão e evitar surtos da doença, principalmente em creches e escolas!
Conclusão
A Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite são infecções comuns na infância, especialmente em bebês e crianças pequenas. Embora possam causar desconforto devido às feridas na boca, febre e irritabilidade, geralmente são condições autolimitadas que melhoram em cerca de 7 a 10 dias com os cuidados adequados.
A principal forma de prevenção é a higiene rigorosa, incluindo a lavagem frequente das mãos, a limpeza de objetos compartilhados e o isolamento da criança doente para evitar a transmissão. Além disso, manter uma alimentação saudável e fortalecer a imunidade ajuda a reduzir o risco de infecção.
Apesar de serem doenças leves na maioria dos casos, é essencial observar sinais de complicações, como febre persistente e desidratação, e procurar um médico quando necessário. Com os cuidados corretos, a recuperação ocorre de forma tranquila, garantindo o bem-estar da criança.
Referência Bibliográfica
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – www.sbp.com.br
- Ministério da Saúde do Brasil – www.gov.br/saude
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – www.cdc.gov
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – www.who.int