Dra. Gisele Trasfereti

O que é Bronquiolite?

Bronquiolite é uma infecção respiratória comum que afeta principalmente bebês e crianças pequenas, geralmente com menos de 2 anos. Ela causa a inflamação e o inchaço dos bronquíolos, que são as menores passagens de ar nos pulmões. Isso pode dificultar a respiração, levando a sintomas como tosse, chiado no peito, febre e dificuldade para respirar.

A causa mais comum da bronquiolite é o vírus sincicial respiratório (VSR), mas outros vírus também podem desencadeá-la. Geralmente, a condição melhora sozinha em poucos dias ou semanas, mas em alguns casos pode ser mais grave e exigir cuidados médicos.

Como a Bronquiolite se Desenvolve?

A bronquiolite se desenvolve quando um vírus, como o vírus sincicial respiratório (VSR), infecta as vias respiratórias de um bebê ou criança pequena. O processo começa com a infecção dos brônquios, que são as maiores vias aéreas, e se espalha para os bronquíolos — as menores passagens de ar nos pulmões.

Ao entrar no corpo, o vírus causa inflamação e inchaço na parede dos bronquíolos. Isso leva ao aumento da produção de muco, o que pode obstruir as vias aéreas. Como resultado, o ar tem mais dificuldade para entrar e sair dos pulmões, provocando sintomas como tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar.

O sistema imunológico da criança tenta combater a infecção, mas a inflamação e o acúmulo de muco podem tornar o quadro mais grave em alguns casos, especialmente em bebês muito pequenos ou prematuros. A bronquiolite é mais comum durante os meses de outono e inverno, quando as infecções virais são mais frequentes.

Como Acontece a Contaminação pelo Vírus da BRONQUIOLITE?

A contaminação pelo vírus que causa a bronquiolite, como o vírus sincicial respiratório (VSR), acontece de forma semelhante à de outras infecções respiratórias, por meio do contato com secreções contaminadas. Aqui estão as principais formas de transmissão:

  • Contato com gotículas de saliva ou muco: Quando alguém infectado tosse ou espirra, pequenas gotículas contendo o vírus podem ser inaladas por outras pessoas ou entrar em contato com suas mucosas (boca, nariz ou olhos).
  • Contato direto com superfícies contaminadas: O vírus pode sobreviver em superfícies, como brinquedos, maçanetas, mesas e outros objetos por algumas horas. Quando alguém toca em uma superfície contaminada e, em seguida, leva as mãos ao rosto, especialmente ao nariz, boca ou olhos, pode se infectar.
  • Contato próximo com pessoas infectadas: Beijar, abraçar ou estar muito próximo de alguém que tem bronquiolite também aumenta o risco de transmissão.

Quais os Sintomas da BRONQUIOLITE?

Os sintomas da bronquiolite geralmente começam como um resfriado leve, mas podem piorar à medida que a infecção afeta os bronquíolos (pequenas vias aéreas nos pulmões). Aqui estão os principais sinais:

  • Nariz entupido ou coriza: Os primeiros sintomas podem ser semelhantes aos de um resfriado comum.
  • Tosse: Pode ser leve no início e tornar-se mais intensa.
  • Chiado no peito: Um som semelhante a um assobio quando a criança respira.
  • Dificuldade para respirar: Pode incluir respiração rápida, esforço para respirar, retração das costelas ao inspirar (quando a pele entre as costelas parece afundar) ou dilatação das narinas.
  • Febre: Algumas crianças podem ter febre leve.
  • Dificuldade para se alimentar ou beber: Devido ao desconforto e à dificuldade de respirar, os bebês podem ter menos apetite.
  • Cansaço extremo ou irritabilidade: A criança pode parecer muito cansada ou agitada.

Tem Diferença entre BRONQUIOLITE e BRONQUITE?

Sim, há diferenças importantes entre bronquiolite e bronquite, embora ambas sejam condições respiratórias que afetam os pulmões e causem sintomas semelhantes, como tosse e dificuldade para respirar.

A bronquiolite afeta as pequenas vias respiratórias (bronquíolos) e é mais comum em bebês, enquanto a bronquite afeta os brônquios maiores e ocorre em pessoas de qualquer idade, podendo ser aguda ou crônica. A bronquiolite geralmente é causada por vírus, enquanto a bronquite crônica está mais associada a fatores ambientais.

Quais são os Bebês com Predisposição para a BRONQUIOLITE GRAVE?

Alguns bebês têm maior risco de desenvolver um quadro mais grave de bronquiolite, com necessidade de maior atenção médica ou mesmo hospitalização. Os principais fatores que aumentam a predisposição para uma bronquiolite grave incluem:

  • Prematuridade: Bebês que nasceram prematuros (antes das 37 semanas de gestação) têm pulmões menos desenvolvidos e, por isso, podem apresentar uma resposta mais severa à infecção.
  • Idade menor que 3 meses: Bebês muito jovens ainda têm o sistema imunológico em desenvolvimento, o que os torna mais vulneráveis.
  • Doenças cardíacas congênitas: Crianças com problemas cardíacos podem ter dificuldade para lidar com a sobrecarga respiratória causada pela bronquiolite.
  • Doenças pulmonares crônicas: Condições como a displasia broncopulmonar, que é comum em bebês prematuros que receberam suporte ventilatório, aumentam o risco.
  • Deficiência do sistema imunológico: Bebês com condições que comprometem a imunidade têm mais dificuldades para combater infecções virais.
  • Exposição ao fumo: Viver em ambientes com fumaça de cigarro aumenta a vulnerabilidade dos bebês a doenças respiratórias, inclusive à bronquiolite.
  • Falta de aleitamento materno: Bebês que não são amamentados têm menos proteção passiva contra infecções, já que o leite materno contém anticorpos importantes.
  • Condições neuromusculares: Bebês com dificuldades para coordenar os movimentos respiratórios devido a problemas neurológicos ou musculares estão em maior risco.

Qual o Tratamento para a BRONQUIOLITE?

O tratamento para a bronquiolite é, em sua maioria, de suporte, pois não há cura específica para a doença, que geralmente é causada por vírus. O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas e garantir que a criança consiga respirar adequadamente. Aqui estão os principais aspectos do manejo da bronquiolite:

1. Cuidados em casa (para casos leves)

  • Hidratação: Oferecer líquidos com frequência para manter o bebê bem hidratado. Bebês que ainda mamam devem continuar sendo amamentados.
  • Alívio da congestão nasal: Utilizar soro fisiológico para limpar as narinas, seguido por sucção com um aspirador nasal, pode ajudar a desobstruir as vias aéreas e facilitar a respiração.
  • Umidificação do ambiente: Um umidificador de ar ou vapor pode aliviar a respiração, especialmente em ambientes secos.
  • Descanso: Manter a criança em repouso ajuda o corpo a se recuperar.

2. Quando procurar um pediatra

  • Se a criança apresentar dificuldade respiratória (respiração rápida, esforço para respirar, retração das costelas), cianose (coloração azulada ao redor dos lábios), febre persistente ou dificuldade para se alimentar, é importante buscar orientação médica.

Dra. Gisele Trasfereti

Veja o que os pacientes da Dra. Gisele Trasfereti estão comentando:

3. Tratamento hospitalar (para casos mais graves)

  • Oxigenoterapia: Se o bebê tiver dificuldade para respirar ou níveis baixos de oxigênio, ele pode precisar de oxigênio suplementar.
  • Hidratação intravenosa (IV): Se o bebê não conseguir se alimentar ou beber líquidos, pode ser necessário administrar líquidos por via intravenosa.
  • Aspiração das secreções: Em alguns casos, pode ser necessário aspirar as vias aéreas para remover o excesso de muco, através da fisioterapia respiratória.
  • Suporte respiratório: Bebês com dificuldades respiratórias graves podem precisar de suporte ventilatório (ventilação não invasiva ou, em casos raros, ventilação mecânica)

4. Medicamentos

  • Broncodilatadores e Corticosteróides : Não são recomendados de rotina, mas em alguns casos específicos, o médico pode utiliza-los para aliviar o chiado e o processo inflamatório pulmonar.
  • Antibióticos: Geralmente não são eficazes para bronquiolite viral e são utilizados apenas se houver complicações específicas, como infecções bacterianas associadas.

A BRONQUIOLITE pode evoluir para ASMA?

A bronquiolite em si não “se transforma” em asma, mas existe uma relação entre as duas condições. Bebês que tiveram episódios graves de bronquiolite, especialmente causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), podem ter maior risco de desenvolver sintomas respiratórios recorrentes, como chiado, tosse e dificuldade para respirar, durante a infância. Em alguns casos, esses sintomas são diagnosticados como asma.

O que se sabe sobre a relação entre bronquiolite e asma:

  • Inflamação persistente das vias aéreas: A bronquiolite pode causar uma inflamação significativa nas pequenas vias aéreas dos pulmões. Em algumas crianças, essa inflamação pode predispor as vias aéreas a reações mais intensas a estímulos, como alérgenos ou infecções respiratórias, contribuindo para sintomas de asma.
  • Predisposição genética e fatores ambientais: O risco de desenvolver asma após a bronquiolite parece ser maior em crianças com histórico familiar de doenças alérgicas ou asma, ou em crianças expostas a fatores como fumaça de cigarro.
  • Sintomas respiratórios recorrentes: Crianças que apresentam episódios repetidos de chiado ou bronquiolite podem estar em maior risco de desenvolver asma ou sibilância persistente durante os primeiros anos de vida.

Como Prevenir a BRONQUIOLITE?

PREVENÇÃO DA BRONQUIOLITE

A prevenção da bronquiolite em bebês requer medidas para evitar a exposição a vírus respiratórios, especialmente ao vírus sincicial respiratório (VSR), que é o principal causador da doença. Aqui estão algumas dicas específicas para proteger os bebês:

1. Lave as mãos com frequência

  • Certifique-se de lavar as mãos com água e sabão antes de tocar no bebê, especialmente após tossir, espirrar ou tocar superfícies em locais públicos.
  • Incentive todas as pessoas que convivem com o bebê (familiares, cuidadores e visitantes) a fazerem o mesmo.

2. Limite o contato com pessoas doentes

  • Evite que o bebê tenha contato próximo com pessoas que estão doentes, mesmo que seja “apenas” um resfriado. O vírus pode ser facilmente transmitido através de gotículas ao falar, espirrar ou tossir.
  • Não leve o bebê a lugares fechados e lotados, principalmente em épocas de maior circulação do VSR, como nos meses de outono e inverno.

3. Ambiente livre de fumaça

  • Não fume perto do bebê e evite que ele seja exposto à fumaça de cigarro, que irrita as vias respiratórias e aumenta a vulnerabilidade a infecções respiratórias.

4. Mantenha o ambiente limpo

  • Limpe e desinfete regularmente superfícies e objetos que o bebê toca com frequência, como brinquedos, chupetas e superfícies ao redor do berço.
  • Higienize as mãos após tocar em superfícies públicas ou ao retornar para casa.

5. Amamentação

  • Amamentar o bebê, sempre que possível, oferece proteção natural contra infecções. O leite materno contém anticorpos que fortalecem o sistema imunológico e ajudam a proteger contra infecções respiratórias.

6. Evite beijos e contato próximo de pessoas doentes

  • Por mais difícil que seja, peça que familiares ou amigos com sintomas de gripe ou resfriado evitem beijar ou pegar o bebê no colo.

8. Vacinação

  • Mantenha as vacinas do bebê em dia, pois algumas podem ajudar a prevenir complicações respiratórias que agravam quadros de infecção viral.
  • Para bebês prematuros ou com condições médicas específicas, pode ser recomendado o uso do palivizumabe, um anticorpo específico que oferece proteção contra o VSR. Consulte o pediatra para saber se essa medida é indicada para o seu bebê.

9. Evite contato com superfícies contaminadas

  • Redobre os cuidados em ambientes públicos ou consultórios médicos. Lave as mãos após tocar em maçanetas, brinquedos compartilhados ou outras superfícies potencialmente contaminadas.

Embora a bronquiolite seja uma condição que possa causar preocupação, especialmente para pais e cuidadores de bebês, é importante lembrar que a grande maioria dos casos é leve e tratável. Com um diagnóstico precoce, cuidados adequados e, em muitos casos, medidas simples de prevenção, é possível lidar com a doença de forma eficaz e garantir a recuperação completa da criança.

A chave está na conscientização sobre os sintomas, nos cuidados de higiene e no acompanhamento médico quando necessário. Além disso, ao proteger o bebê contra fatores de risco, como o tabagismo e a exposição a infecções respiratórias, podemos reduzir significativamente as chances de complicações.

Com o avanço da medicina e o aumento do conhecimento sobre a bronquiolite, pais e profissionais de saúde estão mais preparados para identificar e tratar a doença, oferecendo um prognóstico positivo para a maioria das crianças afetadas. Portanto, ao adotar práticas preventivas e buscar ajuda médica rapidamente, podemos garantir que a bronquiolite seja enfrentada com confiança e cuidados adequados, permitindo que os pequenos se recuperem e se desenvolvam saudáveis.

Bibliografia

  • American Academy of Pediatrics (AAP) – Diretrizes sobre bronquiolite e manejo de doenças respiratórias em crianças.
  • National Institute for Health and Care Excellence (NICE) – Guias sobre diagnóstico e tratamento de bronquiolite.
  • Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – Informações sobre prevenção de bronquiolite e manejo de infecções virais.
  • MedlinePlus (U.S. National Library of Medicine) – Artigos e resumos sobre bronquiolite, suas causas, sintomas e tratamento.
  • Merrill, P.T., & Plass, S.D. (2018). “Pediatric Respiratory Medicine: A Practical Guide.” – Livros de pediatria especializados no manejo de doenças respiratórias infantis.

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