Dra. Gisele Trasfereti

A infecção Mão Pé Boca é, na maioria dos casos, causada por vírus e pode ser bastante comum na infância. Ela e a Estomatite são dois exemplos frequentes que geram preocupação entre os pais, principalmente por causarem desconforto ao bebê, febre e dificuldade para se alimentar.

O que é a Doença Mão-Pé-Boca?

A Doença Mão-Pé-Boca é uma infecção viral altamente contagiosa, geralmente causada pelo vírus Coxsackie, que provoca feridas na boca, além de erupções e bolhas nas mãos, pés e, às vezes, na região do bumbum. Apesar de assustar pelos sintomas, a condição costuma ser autolimitada, ou seja, melhora sozinha em alguns dias.

Esta doença afeta principalmente bebês e crianças pequenas, sendo mais comum em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Isso acontece porque o sistema imunológico delas ainda está em desenvolvimento, tornando-as mais vulneráveis a infecções virais.

Embora seja mais frequente nessa faixa etária, crianças mais velhas e até adultos também podem ser infectados, especialmente se nunca tiverem tido contato com o vírus antes. No entanto, nos adultos e em crianças maiores, os sintomas costumam ser mais leves ou até inexistentes.

Quais os Sintomas da Doença Mão-Pé-Boca?

A Doença Mão-Pé-Boca geralmente começa com sintomas inespecíficos, semelhantes a um resfriado, e evolui para lesões características na boca, mãos e pés. Os principais sintomas incluem:

1. Febre e Mal-estar Inicial

  • Nos primeiros dias, a criança pode apresentar febre moderada a alta (entre 38°C e 39°C).
  • Pode haver dor de garganta, irritabilidade, fadiga e falta de apetite.

2. Feridas Dolorosas na Boca

  • Pequenas bolhas e aftas surgem na língua, gengiva, parte interna das bochechas e no céu da boca.
  • Essas lesões são dolorosas e podem dificultar a alimentação e a ingestão de líquidos.

3. Erupções nas Mãos, Pés e Outras Regiões

  • Pequenas manchas vermelhas aparecem nas palmas das mãos e nas solas dos pés, evoluindo para bolhas.
  • Algumas crianças também apresentam lesões no bumbum, joelhos e cotovelos.
  • As bolhas geralmente não coçam, mas podem ser dolorosas ao toque.

4. Salivação Excessiva e Dificuldade para Comer

  • Devido às feridas na boca, o bebê pode salivar mais e recusar alimentos sólidos.
  • A desidratação pode ser uma preocupação se a criança não beber líquidos suficientes.

5. Outros Sintomas Possíveis

  • Em alguns casos, podem ocorrer sintomas gastrointestinais como diarreia e vômito.
  • Algumas crianças apresentam inchaço nas glândulas do pescoço.

Os sintomas costumam durar de 7 a 10 dias, e a doença geralmente é leve, sem complicações. No entanto, se houver febre persistente, sinais de desidratação ou piora do estado geral, é fundamental procurar um médico.

Sobre a Dra Gisele Trasfereti

A Dra. Gisele Trasfereti é pediatra e neonatologista com mais de 20 anos de experiência, especializada em cuidados intensivos neonatais. Ela realizou estágio na UTI Neonatal da University of Miami Miller School of Medicine e é membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Veja o que os pacientes da Dra. Gisele Trasfereti estão comentando:

O Que é Estomatite em Bebês?

A estomatite é uma inflamação na mucosa da boca que pode causar dor, vermelhidão, feridas e dificuldade para se alimentar. Essa condição é comum em bebês e crianças pequenas e pode ter diferentes causas, sendo as mais frequentes a estomatite herpética e a estomatite aftosa.

Diferença entre Estomatite Herpética e Estomatite Aftosa

  1. Estomatite Herpética
    • Causada pelo vírus do herpes simples tipo 1 (HSV-1), que é altamente contagioso.
    • Ocorre mais frequentemente em crianças de 6 meses a 5 anos.
    • Caracteriza-se por múltiplas feridas na boca, gengivas inflamadas e febre alta.
    • Pode haver salivação excessiva, mau hálito e irritabilidade.
    • A infecção pode se espalhar para os lábios e a região ao redor da boca.
    • Dura cerca de 7 a 14 dias.
  2. Estomatite Aftosa
    • Não é causada por vírus, mas sim por fatores como baixa imunidade, estresse, alergias alimentares e deficiência de vitaminas.
    • Caracteriza-se por aftas dolorosas, geralmente pequenas, arredondadas e com um centro branco ou amarelado.
    • Pode ocorrer de forma isolada ou recorrente ao longo da vida.
    • Não é contagiosa.
    • Dura cerca de 7 a 10 dias, podendo se repetir em algumas crianças.

Principais Sintomas da Estomatite

  • Feridas e inflamação na boca, dificultando a alimentação e a ingestão de líquidos.
  • Febre alta (mais comum na estomatite herpética).
  • Dor intensa e irritabilidade, principalmente em bebês pequenos.
  • Salivação excessiva e recusa alimentar.
  • Mau hálito, devido à infecção na boca.
  • Inchaço e sangramento das gengivas (principalmente na estomatite herpética).

A estomatite pode ser bastante desconfortável, mas normalmente melhora com o tempo. O tratamento é voltado para o alívio dos sintomas, com hidratação, analgésicos, boa higiene bucal e, em alguns casos, antivirais (para estomatite herpética).

Quais as Causas, Transmissão e Duração das Infecções?

Como Essas Infecções São Transmitidas?

Tanto a Doença Mão-Pé-Boca quanto a Estomatite Herpética são causadas por vírus altamente contagiosos, sendo transmitidas principalmente pelo contato com:

  • Saliva e secreções respiratórias (tosse, espirro, beijo, compartilhamento de talheres e chupetas).
  • Objetos e superfícies contaminadas, como brinquedos e copos.
  • Contato com fezes infectadas, o que é comum em creches e escolinhas devido à troca de fraldas e higiene inadequada.
  • Bolhas e lesões na pele, no caso da Doença Mão-Pé-Boca.

Já a Estomatite Aftosa não é contagiosa, pois suas aftas são causadas por fatores internos, como baixa imunidade, estresse e alergias alimentares.

Período de Incubação e Duração da Doença

Período de Incubação (tempo entre o contato com o vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas):

  • Doença Mão-Pé-Boca: 3 a 7 dias.
  • Estomatite Herpética: 2 a 12 dias.
  • Estomatite Aftosa: Não há período de incubação, pois não é causada por vírus.

Duração dos Sintomas:

  • Doença Mão-Pé-Boca: 7 a 10 dias, com melhora gradual.
  • Estomatite Herpética: 7 a 14 dias, podendo ser mais intensa nos primeiros dias.
  • Estomatite Aftosa: As aftas duram de 7 a 10 dias e podem reaparecer em crises.

Observação: A criança com Doença Mão-Pé-Boca pode continuar eliminando o vírus pelas fezes por várias semanas após a recuperação, por isso é essencial manter bons hábitos de higiene para evitar a transmissão.

O que o Médico Vai Observar?

O diagnóstico da Doença Mão-Pé-Boca e da Estomatite é clínico, ou seja, baseado na avaliação dos sintomas e no exame físico feito pelo médico. Normalmente, não são necessários exames laboratoriais, a menos que haja dúvidas sobre a causa da infecção ou sinais de complicações.

Durante a consulta, o médico irá observar:

  • Feridas e bolhas na boca, mãos e pés (no caso da Doença Mão-Pé-Boca).
  • Aftas isoladas ou múltiplas feridas na boca (na Estomatite).
  • Febre e outros sintomas associados.
  • Histórico da criança e contato com outras crianças infectadas.

Em casos raros, um exame laboratorial pode ser solicitado para confirmar o tipo de vírus envolvido, especialmente se os sintomas forem atípicos ou prolongados.

Quando Procurar um Médico?

Na maioria dos casos, a Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite melhoram sozinhas, mas é importante buscar atendimento médico se a criança apresentar:

  • Febre alta e persistente (acima de 39°C por mais de 3 dias).
  • Dificuldade para engolir ou recusa total de líquidos, aumentando o risco de desidratação.
  • Pouca urina ou fraldas secas por muitas horas.
  • Irritabilidade extrema ou sonolência excessiva.
  • Feridas que pioram ou apresentam pus, indicando infecção secundária.
  • Dificuldade para respirar ou inchaço na boca/garganta (raro, mas grave).

Se houver sinais de desidratação, como boca seca, choro sem lágrimas e pele fria, é essencial levar a criança ao médico o mais rápido possível.

Dica: Se o bebê estiver com dor para comer, oferecer líquidos gelados (água, leite, sucos naturais) e alimentos macios pode ajudar a aliviar o desconforto.

Tratamento e Cuidados em Casa

Embora essas infecções sejam autolimitadas e melhorem sozinhas, alguns cuidados ajudam a aliviar os sintomas e acelerar a recuperação do bebê.

1. Hidratação é Fundamental

  • Ofereça bastante líquido (água, leite, chás frios, sucos naturais diluídos).
  • Alimentos gelados, como iogurte, sorvete natural e purês frios, ajudam a aliviar a dor na boca.
  • Se a criança recusar líquidos e apresentar sinais de desidratação (boca seca, choro sem lágrimas, urina escassa), procure um médico.

2. Alimentação Leve e Sem Irritação

  • Prefira alimentos macios e frios, como mingau, sopas mornas, purês e frutas amassadas.
  • Evite comidas ácidas, salgadas e muito quentes, pois podem piorar a dor na boca (ex: suco de laranja, tomate e alimentos condimentados).

3. Controle da Febre e da Dor

  • Se houver febre ou dor intensa, pode-se administrar paracetamol ou ibuprofeno, conforme orientação médica.
  • Compressas frias no rosto e no pescoço ajudam a aliviar o desconforto.

4. Higiene e Cuidados com as Feridas

  • Mantenha as mãos sempre limpas para evitar a transmissão do vírus.
  • Limpe a boca da criança com um pano úmido ou uma gaze com água filtrada.
  • Se houver feridas nas mãos e pés, evite que a criança coce ou estoure as bolhas.

5. Descanso e Isolamento

  • Mantenha a criança em casa até que a febre desapareça e as feridas sequem.
  • Evite contato com outras crianças para não transmitir a infecção.

6. Pomadas e Enxaguantes Bucais

  • Em alguns casos, o pediatra pode recomendar pomadas anestésicas ou enxaguantes bucais específicos para aliviar a dor das aftas.
  • Não utilize remédios caseiros sem orientação médica, pois podem piorar a irritação.

Com esses cuidados, a criança costuma melhorar entre 7 a 10 dias. Mas se houver sinais de desidratação, febre persistente ou piora dos sintomas, procure um médico!

Quais as Medidas de Prevenção?

Embora não exista uma vacina específica para a Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite Herpética, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de infecção e transmissão.

1. Higiene das Mãos

  • Lavar bem as mãos com água e sabão, principalmente após trocar fraldas, usar o banheiro ou tocar na boca da criança.
  • Ensinar a criança a lavar as mãos antes de comer e após brincar.
  • Se não houver água e sabão, usar álcool em gel.

2. Evitar o Contato com Crianças Infectadas

  • Manter a criança afastada da creche ou escola até que as feridas sequem e a febre desapareça.
  • Evitar beijos, abraços e compartilhar talheres, copos e chupetas com crianças doentes.

3. Higienização de Objetos e Brinquedos

  • Desinfetar brinquedos, chupetas e objetos que vão à boca do bebê.
  • Limpar superfícies e objetos de uso compartilhado, como mesas e cadeiras.

4. Cuidado com Secreções

  • Ensinar a criança a cobrir a boca ao tossir ou espirrar.
  • Usar lenços descartáveis e evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem lavar as mãos.

5. Alimentação Saudável e Boa Imunidade

  • Manter uma alimentação equilibrada para fortalecer o sistema imunológico.
  • Garantir que a criança tenha boas noites de sono e pratique atividades ao ar livre.

Com essas medidas simples, é possível reduzir a transmissão e evitar surtos da doença, principalmente em creches e escolas!

Conclusão

A Doença Mão-Pé-Boca e a Estomatite são infecções comuns na infância, especialmente em bebês e crianças pequenas. Embora possam causar desconforto devido às feridas na boca, febre e irritabilidade, geralmente são condições autolimitadas que melhoram em cerca de 7 a 10 dias com os cuidados adequados.

A principal forma de prevenção é a higiene rigorosa, incluindo a lavagem frequente das mãos, a limpeza de objetos compartilhados e o isolamento da criança doente para evitar a transmissão. Além disso, manter uma alimentação saudável e fortalecer a imunidade ajuda a reduzir o risco de infecção.

Apesar de serem doenças leves na maioria dos casos, é essencial observar sinais de complicações, como febre persistente e desidratação, e procurar um médico quando necessário. Com os cuidados corretos, a recuperação ocorre de forma tranquila, garantindo o bem-estar da criança.

Referência Bibliográfica

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